quarta-feira, 27 de junho de 2012

Solução à Brasileira

Preocupados com o aumento da obesidade, pressão alta e colesterol alto infantil, os políticos paulistas resolveram aprovar na assembléia legislativa lei que proíbe a venda de alimentos gordurosos nas cantinas das escolas de São Paulo.

Essa lei, se sancionada, obrigará as cantinas a oferecerem produtos diferentes dos que costumam oferecer normalmente. Todos sabem que as cantinas de escola, em geral, oferecem mais lanches e salgados.

Por trás de uma falsa preocupação com o bem estar social, revela-se uma faceta nefasta da política brasileira. Mais uma vez, seremos controlados por leis. Ninguém mais vai poder comer coxinha na escola. Nem que queira. Se alguém vender um risolis, vai estar cometendo um crime, vai pagar multa, responder processo, correr o risco de perder seu estabelecimento.

Ou seja, mais uma vez o governo nos trata como deficientes mentais, incapazes que não conseguem sozinhos escolher o que queremos que nossas crianças comam. Não temos mais a liberdade de poder comprar certos alimentos na cantina das escolas, porque o estado diz que não podemos.

O brasileiro é massacrado por leis estúpidas que regulamentam tudo e nos proíbem milhões de coisas. Enquanto isso, leis básicas que nos garantiriam educação, saúde e segurança não funcionam. Quer dizer, dane-se os bandidos roubando e matando sem medo, os corruptos rindo da nossa cara, gente morrendo nos hospitais sem respeito ou consideração, gente com segundo grau que não sabe ler nem escrever. O que importa é que meu filho não vai comer coxinha na cantina da escola. Ah, sim, agora eu posso dormir tranquilo de noite, pois vivo no paraíso.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Lula e Maluf: por que a surpresa?

Nos últimos dias, o apoio de Maluf à candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de SP causou uma enorme polêmica por causa do breve vídeo do anúncio do apoio feito no jardim da casa de Maluf, onde o ex-presidente Lula aparece cumprimentando Maluf, sorridente.

O que eu tenho a dizer sobre o episódio é: Por que a surpresa?  Desde que Lula disputou as eleições de 2002 como um candidato "light" e mais palatável ao eleitor mais conservador, seu perfil em nada tinha a ver com o antigo sindicalista. O projeto de Lula e do PT é o mesmo da maioria dos partidos políticos do Brasil: conquistar e manter o poder.

Ao buscar o apoio de um político populista e corrupto, Lula apenas se juntou a um semelhante, ambos com o objetivo comum de conquistar mais vagas na administração pública. Depois de 8 anos de presidência marcados por intensa troca de favores políticos e dezenas de esquemas de corrupção, só alguém que vive no mundo da lua pode dizer que uma aliança com o Maluf mancha o caráter do ex-presidente. Ninguém que vota no PT e no Lula vota por caráter, e sim porque acredita que o PT defende melhor os interesses pessoais dessa pessoa. Todo mundo vota pelo mesmo motivo, e o eleitor do PT não é exceção. Até aqueles que se julgam mais politizados não sabem sequer um parágrafo do programa de governo do partido em que vota.

Portanto, a aliança com Maluf é natural tanto para o PT, quanto para o PSDB, ou o PMDB, ou o DEM, ou o PSB, ou o PPS ou qualquer outro partido, porque é assim que a política é feita no Brasil. Ninguém é um bastião da ética e ninguém é inocente.

O povo gosta mesmo é de fofoca

488 assassinatos na cidade de São Paulo desde o começo de 2012. Ninguém se importa.

Exceto um assassinato. Por todos os lugares, você vê pessoas preocupadas com o caso do assassinato do executivo Marcos Matsunaga, da empresa Yoki, por sua então esposa Eliza. Como uma novela ou um reality show, as pessoas vivem à procura de detalhes sórdidos sobre a forma como o crime foi cometido ou sobre o que acontecia no relacionamento dos dois. Disuctem motivos para o crime. Alguns defendem a assassina e condenam o assassinado. Outros usam o passado da autora do crime para julgá-la.

Na verdade, esse é apenas um crime irrelevante. Foi um crime familiar, cuja assassina confessa já se encontra presa e não há motivo nenhum para que as pessoas se interessem por ele. Já os outros 487 mortos, alguém sabe alguma coisa sobre eles? Sabem os motivos? Sabem quem foi o assassino ou o assassinado? Sabem se o criminoso já foi preso?

Provavelmente nem 10% dos assassinos foram presos. E, provavelmente, a grande parte desses assassinatos ocorreu durante tentativas de assalto, ou trocas de tiros com policiais. Ou seja, é com esses crimes que a população deveria estar preocupada. Pois elas podem vir a serem as próximas vítimas desses assassinos que continuam soltos cometendo seus crimes.

Mas ninguém importa. Todo mundo só quer saber do chamado "caso Yoki". Porque o povo está pouco se lixando pra segurança pública ou a sociedade violenta em que vivemos. O povo gosta mesmo é de fofoca.

Rio +20: considerações finais

Acabou a Rio +20. Líderes de todo o mundo se reuniram no Rio de Janeiro, fizeram discursos bonitos sobre a necessidade de preservação do meio-ambiente, foram aplaudidos, saíram bem na foto e apareceram nas televisões e jornais de todo o mundo.

Agora todos voltam para suas casas, gastar os recursos do planeta sem moderação, esperando que os outros mudem os seus padrões de consumo e salvem o planeta. 

É isso aí, galera, I'd Love to Change the World...

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O que importa é o show

Nesse domingo, a Fórmula 1 correu na Espanha, país europeu que todos sabemos enfrentar uma ameaça muito grande de crise. Além do show na pista, dos milionários nos camarotes e o cenário paradisíaco da região do porto de Valência, tudo que se viam eram anúncios e mais anúncios do patrocinador oficial, o colossal banco espanhol Santander.

Hoje, a Espanha formalizou o pedido de ajuda aos bancos de seu país, que correm o risco de se tornarem insolventes. Estima-se que os bancos precisem de uma quantia de até 100 bilhões de euros.

Ainda que o Santander não apareça na lista dos bancos que mais precisam de socorro, disponibilizar alguns bilhões para ajudar a estabilizar a situação econômica de seu país não importa, é melhor recorrer ao dinheiro dos contribuintes de outros países da união européia. O que importa é gastar esses bilhões para estampar a sua marca em eventos esportivos.

E ainda tem gente que não sabe a origem das crises atuais.

Hipocrisia lá no alto

Ironia: líderes de Cuba, Venezuela, Bolívia e Argentina condenaram o impeachment do presidente do Paraguai, Fernando Lugo, comparando-o a um golpe de estado. Como se os seus próprios governos fossem bastiões da democracia.

O que me surpreende é como aceitamos esse tipo de comportamento vindo dos representantes dos países. Fosse uma pessoa normal, ninguém mais confiaria em tamanhos hipócritas. Mas lá em cima tudo pode. Por que será?