terça-feira, 9 de outubro de 2012

E mais uma vez a Globo interfere em uma eleição

Eleição para prefeito em São Paulo. Candidato surpreende os analistas e começa a dominar o pleito, a despeito de não ser nem do PSDB e nem do PT, forças tradicionalmente hegemônicas na política nacional. Ele chega a atingir mais de 35% das intenções de voto, e mais de 50% em um eventual segundo turno. Parece uma caminhada gloriosa para a prefeitura da maior cidade de país.

Mas ele possui um ponto fraco. Uma igreja apoia abertamente o candidato. A Igreja Universal do Reino de Deus. Igreja cujo fundador e líder, Edir Macedo, por acaso também é dono da Rede Record de Televisão. Que, por acaso, é a maior concorrente da Rede Globo. E Edir Macedo é um inimigo mortal da família Marinho, dona da emissora de televisão de maior audiência do país. Conhecida por se aliar a governos e interferir diretamente na política. Os Marinhos não podem aceitar que o candidato apoiado por Edir Macedo vença o pleito. É hora de agir. E eles agiram.

Não, nem PSDB nem PT conseguiriam derrubar Celso Russomano. Os primeiros tentam emplacar Serra, cuja rejeição chega a quase 50%. Os últimos estão chamuscados pelo mensalão e não apresentaram em Haddad um candidato forte. Mas a Globo pode. Dominando a mídia que mais apela às massas, começa uma campanha de "denúncia" da ligação do PRB, partido de Russomano, com a Igreja Universal, com se fosse algo demoníaco, mil vezes pior do que qualquer mensalão ou escândalo dos governos de Serra e Kassab, cria de Serra que teve um desempenho ruim na prefeitura. E começa a bombardear o candidato do PRB de forma disfarçada, seja diretamente na programação da TV, seja forçando seus funcionários, artistas famosos e formadores de opinião, cobrar "responsabilidade do povo de São Paulo" na eleição.

E a candidatura de Celso Russomano implode. De 35%, ele cai para 30%, depois pra 25% e chega a um dia da eleição empatado com os candidatos do PSDB e PT. É a deixa para quem procurava mudança em Celso Russomano abandonar o barco e votar no que considera menos pior entre Serra e Haddad, ou entre PSDB e PT. Resultado final: Celso Russomano caiu mais ainda e ficou distante 10% de Haddad, segundo colocado no pleito.

Assim, a "toda-poderosa" pode tirar a influência nefasta de Edir Macedo da prefeitura de São Paulo. Não sei quem vai ganhar ou perder a eleição, mas a Globo certamente já ganhou.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Investir em um cérebro

Li em um blog bem fajuto que investidores da pretensa gravadora estariam com raiva da direção comercial da empresa. Sugiro que os autores do blog invistam em um cérebro, pois ficar fazendo papel de ridículo na internet não leva a lugar nenhum, só à humilhação desnecessária.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Preconceito

Nesse final de semana, um casal de moradores de rua achou vinte mil reais em espécie, fruto de um roubo, e entregou para a polícia. Em seguida, choveram reportagens em todos os telejornais, tratando o ocorrido como algo espetacular, e transformando os moradores de rua, que apenas fizeram o que é certo, em heróis.

No meio de uma reportagem na Globo, eles fizeram questão de frisar que o ocorrido era sobretudo impressionante por eles serem moradores de rua. Quer dizer, só por que eles são pobres, são mais propícios a serem desonestos? Não seria a mesma coisa se fosse um bilionário?

Nós sabemos por experiência que quem é desonesto, é independente do valor do objeto/serviço e a fortuna pessoal da pessoa. Conheço ricos que poderiam comprar 200 DVDs por mês sem pensar, mas fazem questão de comprar pirata. Tem milionário que rouba caneta, engana os outros pra não pagar 5 reais.

Ou seja, honestidade independe de valor, mas o jornal fez questão de ressaltar que um pobre devolvendo dinheiro que não é dele é um absurdo. Já se fosse um rico, seria normal. Porque, pra eles, ser pobre é ser desonesto.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Solução à Brasileira

Preocupados com o aumento da obesidade, pressão alta e colesterol alto infantil, os políticos paulistas resolveram aprovar na assembléia legislativa lei que proíbe a venda de alimentos gordurosos nas cantinas das escolas de São Paulo.

Essa lei, se sancionada, obrigará as cantinas a oferecerem produtos diferentes dos que costumam oferecer normalmente. Todos sabem que as cantinas de escola, em geral, oferecem mais lanches e salgados.

Por trás de uma falsa preocupação com o bem estar social, revela-se uma faceta nefasta da política brasileira. Mais uma vez, seremos controlados por leis. Ninguém mais vai poder comer coxinha na escola. Nem que queira. Se alguém vender um risolis, vai estar cometendo um crime, vai pagar multa, responder processo, correr o risco de perder seu estabelecimento.

Ou seja, mais uma vez o governo nos trata como deficientes mentais, incapazes que não conseguem sozinhos escolher o que queremos que nossas crianças comam. Não temos mais a liberdade de poder comprar certos alimentos na cantina das escolas, porque o estado diz que não podemos.

O brasileiro é massacrado por leis estúpidas que regulamentam tudo e nos proíbem milhões de coisas. Enquanto isso, leis básicas que nos garantiriam educação, saúde e segurança não funcionam. Quer dizer, dane-se os bandidos roubando e matando sem medo, os corruptos rindo da nossa cara, gente morrendo nos hospitais sem respeito ou consideração, gente com segundo grau que não sabe ler nem escrever. O que importa é que meu filho não vai comer coxinha na cantina da escola. Ah, sim, agora eu posso dormir tranquilo de noite, pois vivo no paraíso.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Lula e Maluf: por que a surpresa?

Nos últimos dias, o apoio de Maluf à candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de SP causou uma enorme polêmica por causa do breve vídeo do anúncio do apoio feito no jardim da casa de Maluf, onde o ex-presidente Lula aparece cumprimentando Maluf, sorridente.

O que eu tenho a dizer sobre o episódio é: Por que a surpresa?  Desde que Lula disputou as eleições de 2002 como um candidato "light" e mais palatável ao eleitor mais conservador, seu perfil em nada tinha a ver com o antigo sindicalista. O projeto de Lula e do PT é o mesmo da maioria dos partidos políticos do Brasil: conquistar e manter o poder.

Ao buscar o apoio de um político populista e corrupto, Lula apenas se juntou a um semelhante, ambos com o objetivo comum de conquistar mais vagas na administração pública. Depois de 8 anos de presidência marcados por intensa troca de favores políticos e dezenas de esquemas de corrupção, só alguém que vive no mundo da lua pode dizer que uma aliança com o Maluf mancha o caráter do ex-presidente. Ninguém que vota no PT e no Lula vota por caráter, e sim porque acredita que o PT defende melhor os interesses pessoais dessa pessoa. Todo mundo vota pelo mesmo motivo, e o eleitor do PT não é exceção. Até aqueles que se julgam mais politizados não sabem sequer um parágrafo do programa de governo do partido em que vota.

Portanto, a aliança com Maluf é natural tanto para o PT, quanto para o PSDB, ou o PMDB, ou o DEM, ou o PSB, ou o PPS ou qualquer outro partido, porque é assim que a política é feita no Brasil. Ninguém é um bastião da ética e ninguém é inocente.

O povo gosta mesmo é de fofoca

488 assassinatos na cidade de São Paulo desde o começo de 2012. Ninguém se importa.

Exceto um assassinato. Por todos os lugares, você vê pessoas preocupadas com o caso do assassinato do executivo Marcos Matsunaga, da empresa Yoki, por sua então esposa Eliza. Como uma novela ou um reality show, as pessoas vivem à procura de detalhes sórdidos sobre a forma como o crime foi cometido ou sobre o que acontecia no relacionamento dos dois. Disuctem motivos para o crime. Alguns defendem a assassina e condenam o assassinado. Outros usam o passado da autora do crime para julgá-la.

Na verdade, esse é apenas um crime irrelevante. Foi um crime familiar, cuja assassina confessa já se encontra presa e não há motivo nenhum para que as pessoas se interessem por ele. Já os outros 487 mortos, alguém sabe alguma coisa sobre eles? Sabem os motivos? Sabem quem foi o assassino ou o assassinado? Sabem se o criminoso já foi preso?

Provavelmente nem 10% dos assassinos foram presos. E, provavelmente, a grande parte desses assassinatos ocorreu durante tentativas de assalto, ou trocas de tiros com policiais. Ou seja, é com esses crimes que a população deveria estar preocupada. Pois elas podem vir a serem as próximas vítimas desses assassinos que continuam soltos cometendo seus crimes.

Mas ninguém importa. Todo mundo só quer saber do chamado "caso Yoki". Porque o povo está pouco se lixando pra segurança pública ou a sociedade violenta em que vivemos. O povo gosta mesmo é de fofoca.

Rio +20: considerações finais

Acabou a Rio +20. Líderes de todo o mundo se reuniram no Rio de Janeiro, fizeram discursos bonitos sobre a necessidade de preservação do meio-ambiente, foram aplaudidos, saíram bem na foto e apareceram nas televisões e jornais de todo o mundo.

Agora todos voltam para suas casas, gastar os recursos do planeta sem moderação, esperando que os outros mudem os seus padrões de consumo e salvem o planeta. 

É isso aí, galera, I'd Love to Change the World...

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O que importa é o show

Nesse domingo, a Fórmula 1 correu na Espanha, país europeu que todos sabemos enfrentar uma ameaça muito grande de crise. Além do show na pista, dos milionários nos camarotes e o cenário paradisíaco da região do porto de Valência, tudo que se viam eram anúncios e mais anúncios do patrocinador oficial, o colossal banco espanhol Santander.

Hoje, a Espanha formalizou o pedido de ajuda aos bancos de seu país, que correm o risco de se tornarem insolventes. Estima-se que os bancos precisem de uma quantia de até 100 bilhões de euros.

Ainda que o Santander não apareça na lista dos bancos que mais precisam de socorro, disponibilizar alguns bilhões para ajudar a estabilizar a situação econômica de seu país não importa, é melhor recorrer ao dinheiro dos contribuintes de outros países da união européia. O que importa é gastar esses bilhões para estampar a sua marca em eventos esportivos.

E ainda tem gente que não sabe a origem das crises atuais.

Hipocrisia lá no alto

Ironia: líderes de Cuba, Venezuela, Bolívia e Argentina condenaram o impeachment do presidente do Paraguai, Fernando Lugo, comparando-o a um golpe de estado. Como se os seus próprios governos fossem bastiões da democracia.

O que me surpreende é como aceitamos esse tipo de comportamento vindo dos representantes dos países. Fosse uma pessoa normal, ninguém mais confiaria em tamanhos hipócritas. Mas lá em cima tudo pode. Por que será?